Sonho ou Realidade

O infeliz caso dos Sete bolos

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Era o início da primavera de 1999. Aquele período onde o clima passeia entre dias mais frios e mais quentes. Eu estava ansiosa pelo começo da estação das flores, pois ela refletia o clima dentro do meu coração. Cheio de cor. Até aquele mês eu, como qualquer adolescente da sétima série, tinha os pensamentos pulando de paixão em paixão, sucumbindo vez ou outra aos beijos escondidos atrás do prédio da escola. Minhas amigas e eu havíamos combinado de “ficar” (trocar beijinhos, raros de língua) com um menino de cada uma das cinco turmas de sétimas séries da escola, e como uma boa jogadora, eu não estava disposta a perder. Sétima B, C, D e E. Em nove meses eu tinha me enroscado em beijos bem bestas com quatro garotos de diferentes turmas, mas faltava uma sala, a da Sétima A. Como uma pessoa fria e bastante calculista, diga-se de passagem, juntei algumas amigas e amigos próximos para avaliar minhas melhores possibilidades, e depois de muito pensar, eu havia encontrado Aquele que me daria a “vitória”.

Falando assim parece algo besta de adolescentes desocupados, mas olhando mais atentamente, podemos ver uma mente fria o bastante para usar alguém com o simples propósito de ganhar um jogo.

Meu alvo era alto, moreno, de cabelos compridos bem roqueiro, na verdade não faria de forma alguma meu tipo, mas eu precisava arriscar e ele valia a pena o risco de um não.

Então, por meio dos nossos amigos, marcamos nosso primeiro encontro, na hora do “recreio” mesmo, em um canto discreto o bastante para que pudéssemos nos conhecer antes de qualquer outra coisa. Essa era uma das minhas exigências, conhecer, conversar, depois beijar. Papo vai, papo vem, descobri como ele era um cara verdadeiramente simpático e atencioso, genuinamente interessado em mim, enquanto eu só queria concluir a bendita da minha meta.

Depois desse primeiro encontro, acreditem, aconteceram SETE desencontros, todos porque meu interesse era tanto que eu sempre chegava atrasada ou simplesmente não aparecia, sabendo que ele estaria lá no dia seguinte. Minhas amigas começaram a me chamar de furona, de medrosa e os amigos dele começaram a chamar o nosso “caso” fracassado de SETE BOLOS VAMOS CANTAR PARABÉNS. Lembro de certa vez vê-lo sentado em uma escadaria esperando por mim, quando uma amiga perguntou “Ele está esperando por você, você não vai lá?” e eu responder sem dar a mínima importância “Não. Deixa ele lá!”.

Julgamos os adolescentes de hoje, mas quase sempre não temos a menor consciência do quanto nossas decisões, muitos anos atrás, machucaram outras pessoas. O ano terminou e eu, por algum motivo desconhecido, não consegui atingir a minha meta e muito menos “ficar” com o garoto. Tanto fiz que ele começou a me evitar, até que no último dia de aula já nem nos falávamos.

O que eu não daria, àquela época, para saber como seria o ano seguinte, o nosso último ano de escola, o ano em que o jogo literalmente mudaria.

E aí? Sonho ou Realidade? Eu estava sentindo falta de escrever textos dentro dessa categoria. Mas será que é um relato meu, de outro alguém ou tudo não passa de um conto?

E a história não termina aqui. Tem mais. Bem mais.

#ficacomvc

 

 

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